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Miércoles, 12 de marzo de 2014 
Diario Fohla de Sao Paulo, Brasil
Novo chanceler proemte mais foco na relação com vizinhos
Heraldo Muñoz, que participou do governo de Salvador allende, diz não crer que as esquerdas na América Latina estejam en refluxo.
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JOÃO PAULO CHARLEAUX
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O novo chanceler chileno empunhou um revólver calibre 32 e escondeu quatro bananas de dinamite sob a roupa pensando que se tornaria “o primeiro homem-bomba do mundo”. Mas não precisou usá-las.

Heraldo Muñoz, 66, foi funcionário do governo socialista de Salvador Allende e não pega em armas desde aquela manhã na qual se opôs ao golpe que levou o general Augusto Pinochet ao poder, em 1973. A seguir, trechos de sua entrevista, dada por email em fevereiro.

Folha - Bachelet concluiu seu último mandato como presidente no auge do chavismo, em 2010. Agora, retorna a um continente remodelado. Como agir num contexto de refluxo da esquerda na região?

Heraldo Muñoz - Não concordo. Hoje predomina na América Latina a diversidade. Somos economias de renda média, com necessidades diferentes de outras regiões em desenvolvimento. Nossas prioridades são atacar a desigualdade, a insegurança e a discriminação de certas minorias, além de investir muito mais em educação de qualidade para todos e em ciência e tecnologia, para adicionar valor a nossas exportações.

O chavismo acabou? Existe hoje hegemonia de uma 'esquerda light' no continente?

Não há hegemonia de ninguém na região. Predomina a diversidade. Há governos de esquerda tradicional, social-democratas, de centro e de direita. O que há em comum é que quase todos concordam com a volta do Estado num papel protagonista.

Nos anos do neoliberalismo, não era aceitável ter políticas públicas para a redução da pobreza. O mercado supostamente resolveria o problema. O fracasso do neoliberalismo fez com que agora praticamente todos os países da região tenham programas de transferências condicionais (de renda) que têm sido, em boa parte, responsáveis pela significativa redução da pobreza nos últimos anos. Isso não é de esquerda nem de direita. São lições aprendidas.

Como o sr. vê a Aliança do Pacífico e a relação do Chile com o Mercosul? O que o Chile pensa do bloco?

Valorizamos a Aliança do Pacifico como uma plataforma de integração e de projeção comercial na direção da Ásia. Mas rejeitamos qualquer pretensão de tornar a Aliança um bloco ideológico-político excludente ou antagônico a outros projetos de integração como o Mercosul ou a Unasul, de que o Chile também participa. Há espaço para projetos sub-regionais que possam ser tijolos para a construção de um projeto maior e inclusivo, de integração latino-americana.

O Chile perdeu parte de seu mar para o Peru recentemente. Como vê a decisão da Corte de Haia?

A decisão da corte apoiou a posição do Chile em três itens fundamentais –o reconhecimento da existência prévia de um acordo de limite marítimo entre os dois países, a fixação desse limite marítimo numa linha paralela à fronteira que se estende a partir do continente e o reconhecimento desse ponto no continente como início do limite entre os dois países.

Entretanto, ao mesmo tempo a corte, de modo inexplicável, resolveu que o acordo de limites não era suficientemente preciso e que esse limite marítimo do paralelo se estende só até uma distância de 80 milhas, e não as 200 milhas reclamadas pelo Chile e sustentadas em tratados e pela prática durante 60 anos.

Com isso, o Chile perdeu direitos econômicos sobre uma extensão importante de sua Zona Econômica Exclusiva, e isso é lamentável. Mas o fundamental foi obtido.

O que mudará na política externa após quatro anos de governo de direita?

O mais importante é que vamos privilegiar a América Latina e o Caribe, especialmente a América do Sul.

Vamos nos voltar à nossa região, tentando fazer com que as relações possam ir além dos laços comerciais e de investimentos –que, sem dúvida, são importantes– para construir densidade politica, cultural e social.

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